O sexo deve ser um momento de união e prazer tanto para o homem, como para a mulher. Exatamente por isso é muito comum que um se preocupe com a satisfação sexual do outro: é provável que ela faça de tudo para que ele fique ainda mais excitado com a relação, e que ele se esforce ao máximo para que o ato seja realmente especial para a sua parceira.
E, como o orgasmo é o clímax da relação sexual, é normal que tanto o homem e a mulher esperem que o outro “chegue lá”.
Keila Oliveira, psicóloga, sexóloga e terapeuta sexual, destaca que, décadas atrás, o orgasmo era consequência do coito, e o objetivo principal era a reprodução.
“Na atualidade, esse papel se inverteu muito. O orgasmo é o objetivo principal e a reprodução passou a ser consequência”, diz a especialista.
Se antes os homens não estavam preocupados com o orgasmo da mulher, hoje a maioria deles fica extremamente preocupado e busca alternativas de satisfazer cada vez mais sua parceira. “Homens com ejaculação precoce, inclusive, buscam ajuda o tempo todo para minimizar as queixas das parceiras de que elas foram deixadas ‘na mão’”, explica a sexóloga.
Como eles se sentem?
Porém, apesar do orgasmo ser visto hoje como objetivo principal do sexo, é fato que muitas mulheres têm dificuldades em atingi-lo, o que, de certa forma, incomoda os homens.
Uma pesquisa do Journal of Sex Research apontou que, quando as mulheres não chegam ao orgasmo, os homens se sentem “insuficientes”. Isso porque eles entendem que têm a responsabilidade física de estimular que a sua parceira chegue ao orgasmo. E, se isso não acontece, eles podem começar a questionar sua capacidade sexual.
O mesmo estudo mostrou que, o próprio orgasmo de um homem é fundamental para que ele aprecie o sexo, porém, muitos disseram que não há nada mais satisfatório do que levar sua parceria ao orgasmo.
Keila Oliveira explica que, a consciência sexual de hoje, permite que eles estejam bem mais antenados na satisfação feminina. “Isso não é uma regra, evidentemente. Contudo, percebo que muitos deles buscam orientação sobre como melhorar seu desempenho em prol do desejo e da satisfação feminina”, diz.
A terapeuta sexual ressalta, porém, que é importante pensar que o orgasmo feminino não é legado exclusivo do homem. “A mulher deve ser protagonista do próprio desejo e buscar junto desse parceiro cumplicidade e intimidade suficientes para que a relação seja mútua e prazerosa. Tentar se conhecer e descobrir as formas de conseguir orgasmo é uma responsabilidade também da mulher. Ela pode, junto com ele, conseguir ajuda e se desenvolver sexualmente”, explica.
“Mas, ser mais liberal na cama e estar mais apta para uma relação prazerosa, deve ser um objetivo feminino na atualidade”, destaca Keila.
Por que algumas mulheres têm dificuldades em atingir o orgasmo?
A resposta para essa pergunta tem duas explicações principais. Keila Oliveira destaca, em primeiro lugar, que essa dificuldade é decorrente do fato de as mulheres não se conhecerem sexualmente como os homens se conhecem. “Eles se masturbam desde muito cedo e aprendem a obter orgasmo e conhecer mecanismos que facilitem sua chegada. As mulheres, desde cedo muito reprimidas, aprendem a se masturbar bem mais tarde, têm vergonha e medo… Esses fatores são condicionantes dessa dificuldade”, diz.
Aliado a esse fato, explica a sexóloga, a anatomia feminina também dificulta que algumas mulheres consigam ter orgasmo com penetração. “Uma grande parte consegue tê-lo apenas por estimulação clitoriana”, acrescenta.
O que fazer?
Como já destacou a sexóloga Keila, é fundamental que a mulher tente se conhecer mais e descubra, junto com o parceiro, quais são as melhores maneiras de se atingir o orgasmo.
“É preciso, também, que a mulher exercite seu próprio orgasmo com a
prática da masturbação. Isso implica provar maneiras, sensações e frequências de movimentos diferentes”, explica Keila. “Sempre sugiro os exercícios de Kegel, que são fáceis de fazer e encontrados em uma infinidade na internet. Eles ajudam a ter uma consciência corporal e da região pélvica maior e melhor. A dica de ouro é associar à masturbação à prática desses exercícios”, acrescenta.
Em relação a acessórios, a sexóloga destaca que os mais indicados para ajudar a mulher nesse aspecto, sem dúvida, são os vibradores, que permitem experimentar as variadas frequências vibratórias, na busca desse tão precioso objetivo. “Alguns tipos de gel também ajudam a experimentar sensações diferentes, de quente e frio etc.”, diz.
Keila acrescenta que a posição de pernas cruzadas durante a penetração também pode ajudar. “O importante é encontrar posições em que o pênis possa friccionar mais o clitóris. Dessa maneira fica mais fácil ter um orgasmo vaginal, agregado a um orgasmo clitoriano”, diz.
Apesar de todas essas dicas e informações, vale destacar que ter o orgasmo como objetivo não implica condição exclusiva para se definir uma relação sexual. “Eventualmente temos relações sem a presença de orgasmo e isso faz parte do cotidiano de um casal sexualmente ativo. Entretanto, sempre peço para as pessoas, cujo desejo sexual está baixo, se questionarem como anda a qualidade do sexo e se a frequente ausência do orgasmo é o fator gerador desse baixo desejo”, finaliza a sexóloga Keila.
Tudo isso mostra o quanto é importante que o casal mantenha um bom diálogo. E que, juntos, homem e mulher possam descobrir a melhor maneira de chegar ao orgasmo, sem pressa, sem cobranças e sem culpas.