Muitas vezes essas questões não são resolvidas porque esbarram na desinformação e principalmente na vergonha. Tratar de assuntos polêmicos não é fácil para ninguém e muitos, mesmo diante dos médicos, não conseguem se sentir à vontade para perguntar certos detalhes.
Os questionamentos são infinitos e dizem respeito a tudo relacionado ao sexo, como o relacionamento com o parceiro, doenças, questões físicas ou comportamento sexual.
O bom é que quanto mais se sabe sobre sexo, melhor ele fica. Sim, porque tendo segurança sobre o que está acontecendo e sabendo como lidar com as questões que surgem, vai ficar mais fácil se divertir e curtir sem receios ou preocupações.
Confira algumas das questões mais polêmicas sobre o sexo respondidas na ponta da língua:
1. O que são os orgasmos múltiplos?
“
Orgasmos múltiplos são sucessivos orgasmos ou picos de orgasmos na mesma relação. É quando a mulher após a excitação atinge o clímax e permanece nele sem interrupções. Tem um orgasmo, na sequência outro, depois outro e assim sucessivamente”, diz Lelah Monteiro, sexóloga e psicanalista da Rádio Globo AM 1100kHz SP. Eles ocorrem porque o clitóris não relaxa imediatamente após o orgasmo. Mas também é uma característica que esses orgasmos sequentes sejam menos intensos do que o primeiro.
2. Qual a diferença entre orgasmo e ejaculação?
A Dra. Bárbara Murayama, ginecologista e coordenadora da Clínica da Mulher do Hospital 9 de Julho, esclarece: “Orgasmo é o pico de prazer sexual. Ejaculação é o ato de liberação do esperma pelo homem”, ou de um fluido pela mulher, estimulado pelo ato sexual ou
masturbação, apesar do último ser mais raro. Um não necessariamente precisa do outro.
3. É possível deixar minha vagina mais estreita?
“Sim, é possível deixar o canal vaginal mais estreito. Para isso existem exercícios perineais ou o
pompoarismo. São exercícios específicos para a região. Para fortalecê-la é necessário isolar os demais músculos e focar nesse. Parece tarefa fácil, mas exige dedicação e foco. Eles podem ser feitos com acessórios ou sem”, revela a sexóloga Lelah Monteiro.
4. Qual a diferença entre orgasmo vaginal e orgasmo clitoriano?
Lelah esclarece que o orgasmo clitoriano é aquele que se alcança com a estimulação do clitóris e o orgasmo vaginal é o que chega com a estimulação do canal vaginal, “ressaltando que as mulheres podem chegar ao orgasmo tanto pela incursão sexual, ou seja, a penetração, quanto pela masturbação”, diz. De qualquer forma, a excitação do clitóris sempre estará ligada ao orgasmo. Mesmo a penetração o excita porque ele é bem maior do que a pequena parte que é visível.
5. Existe idade para ter um orgasmo melhor?
Em qualquer idade pode-se chegar ao orgasmo. A experiência aparece como uma boa aliada e quanto maior o conhecimento do seu corpo, mais chances de você ter orgasmos com mais frequência e maior qualidade. Para isso, a melhor fórmula continua sendo o autoconhecimento.
6. Porque não consigo atingir o orgasmo durante o sexo? Na masturbação eu consigo sempre!
Seja qual for o tipo de orgasmo, na mulher ele sempre estará relacionado ao clitóris. Quando você faz o trabalho sozinha, sabe exatamente onde tocar, a hora certa, a pressão e tudo o mais. Já os homens acabam pensando mais em penetração ou, muitas vezes, nem se lembram do clitóris. A melhor maneira de conseguir um orgasmo durante uma relação é conseguindo indicar ao seu parceiro onde ele deve tocar, como fazer, explicar que o clitóris é importante, e quem sabe um
sexo oral? Para muitas mulheres esse é o melhor segredo.
Lelah Monteiro ressalta que “por diversos motivos muitas mulheres não conseguem atingir o orgasmo com a penetração, desde questões psíquicas, emocionais, culturais, religiosas e traumáticas até questões físicas como o vaginismo, a vulvodínia e a endometriose”.
7. Minha lubrificação não está do jeito que eu esperava, o que fazer?
Segundo a ginecologista Bárbara Murayama, é preciso investigar o motivo porque muitas vezes o problema é apenas falta de
preliminares caprichadas que facilitem e estimulem a lubrificação. “Um dos problemas comuns é a queda das taxas hormonais, que costuma acontecer na fase pós-menopausa e provoca secura vaginal, e com isso diminuição da lubrificação. O tratamento pode incluir géis
lubrificantes, reposição hormonal tópica ou sistêmica. O tratamento deve ser individualizado”, explica.
Masturbação
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8. Por que se masturbar faz bem?
A melhor tática para o autoconhecimento continua sendo a masturbação responsável. O prazer sexual é um aspecto inerente ao ser humano e desvendá-lo não deve ser visto como uma coisa suja ou degradante. O sexo só será realmente bom quando você puder conhecer as particularidades do seu corpo melhor do que ninguém.
“A masturbação não faz mal, apenas é preciso tomar cuidados de higiene das mãos e também de objetos eróticos, como o
vibrador, quando utilizados, além de ser indicado usar apenas objetos próprios para este fim”, completa a Dra. Bárbara Murayama.
9. O tamanho do clitóris pode ter relação com o prazer?
Algumas mulheres tem o
clitóris mais visível e outras o apresentam mais escondido. Isso não tem nada a ver com o prazer feminino. Aliás, o clitóris é muito maior do que a pequena parte dele que fica exposta, na verdade ele se estende por todo o canal vaginal.
10. Já encontraram o Ponto G?
Responde a sexóloga Lelah Monteiro: “Sim, encontramos o ponto G ou Grafenberg. Ele está localizado dentro do canal vaginal, cerca de 4 cm a partir da introdução do seu dedo. Fica mais fácil de achá-lo se estiver bem excitada. Para estimular a região faça toques com médias pressões”.
Sexualidade
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11. Pode transar no primeiro encontro?
A psicóloga clínica e psicoterapeuta, Valéria Cavallari, ressalta que os valores conservadores de antigamente ainda influenciam na liberdade sexual das mulheres: “Psicologicamente, nós mulheres carregamos os mesmos valores que nossas ancestrais, ou seja, acreditamos no que nos foi passado de geração em geração: que homens gostam e respeitam as mulheres mais difíceis e de família. Digamos que isto não está totalmente errado, pois tudo que é mais difícil é desafiante e mexe com a fantasia. Puro tesão. Mas, também é excitante para os homens, a mulher que sabe o quer, que decide e assume seus atos. Na verdade, isto é o que os homens mais buscam nas mulheres atualmente. Só será errado sair no primeiro, se este não for devidamente aproveitado”.
12. Existe idade para perder a virgindade?
Quem responde é a psicóloga clínica especialista em relacionamentos, Pamela Magalhães: “Não existe idade certa para perder a virgindade. Existe o momento de maturidade emocional suficiente para viver essa experiência com equilíbrio e consciência. Iniciar a vida sexual precocemente poderá acarretar complicações emocionais diversas, uma vez que ainda não temos recursos necessários para literalmente gozar de forma saudável essa vivência”.
13. É comum sentir vontade o tempo todo? E não sentir quase nunca?
“Existem fases da vida, em especial a adolescência, que justamente por ser uma fase de grande desenvolvimento e descobertas, a sexualidade é vivida de forma intensa, curiosa e muito voraz. Porém, há pessoas em idade mais madura que fisiologicamente são mais propensas ao desejo, e se não estivermos falando daqueles que apresentam considerável compulsão sexual – o que seria considerado patológico – e encontrando um parceiro que tenha ritmo compatível, não vejo qualquer problema. Só existirá conflito, quando um parceiro com grande apetite sexual, insiste em relacionar-se com alguém com pouco interesse na prática”, discorre Pamela Magalhães.
Ela também alerta que não sentir vontade de sexo o tempo todo, pode indicar
baixa da libido, que ocorre por diversos fatores como alterações hormonais ou mesmo doenças emocionais, como a depressão. Também existem pessoas que não veem o sexo como uma prática prazerosa ou que não estão com um parceiro que possa estimular ou viabilizar a sexualidade e por isso não fazem sexo. Se a decisão não causar qualquer conflito e o indivíduo viver bem com essa escolha, ela deve ser respeitada.
Sexo anal
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14. O sexo anal faz mal à minha saúde?
O
sexo anal só fará mal se realizado sem proteção, pois há uma chance maior de acontecer a transmissão de DSTs do que no sexo vaginal. O sexo anal também pode aumentar doenças como fissuras anais e hemorroidas, por exemplo. Por isso é recomendado fazê-lo com o auxílio de lubrificantes específicos para a atividade sexual.
15. E dói?
Assim como um puxão de cabelo ou um tapinha, na hora do sexo a dor pode se transformar em prazer. Se você nunca fez sexo anal ou não experimentou estímulos na área, é possível que seja um pouco mais difícil. A melhor maneira é apostar nos estímulos múltiplos, pedindo ao seu companheiro que te masturbe enquanto a penetra por trás. É preciso paciência para que aos poucos você vá se acostumando. A boa notícia é que quanto mais você pratica, mais fácil e gostoso fica.
16. Se eu não gostar de sexo anal, tenho algum problema?
Cada um deve fazer o que gosta ou, no mínimo, tolerar bem, para agradar a quem você gosta. A sugestão é: sempre experimente mais, dê asas aos seus desejos e se permita viver suas fantasias. Mas, se o sexo anal ou qualquer outra modalidade não te agrada, respeite seus limites para não acabar saindo machucada, seja de forma física ou moral. As pessoas são diferentes e cada um tem sua preferência, portanto não se preocupe se você não quiser fazer algo que te dizem que todo mundo faz.
Homossexualidade
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17. E se eu tiver vontade de transar com uma mulher?
A sexualidade não deve ser encarada como um rótulo ou uma caixa, onde se entra e nunca mais sai. As pressões sociais estão aí, ainda influenciando muito na liberdade sexual. Sentir vontade de ter relações com uma mulher não te faz ser estranha ou errada. Nem tampouco te transforma magicamente em homossexual. O importante é compreender bem o que se quer e até onde se pode chegar.
A psicóloga Maria Lúcia Bueno de Miranda completa que hoje em dia, as pessoas estão assumindo mais a sua opção sexual e muitos indo a fundo nas suas curiosidades. “Parece que todos querem viver todas as experiências possíveis. As fantasias são enormes, e se ele tiver um autorizador interno, ele acaba se permitindo a essa experiência sem problema algum”, comenta.
18. Posso pegar alguma doença mesmo em relação com outra mulher?
Sim. Se as relações acontecerem sem proteção, os riscos são os mesmos.
19. Homem que gosta de estímulo anal é gay ou tem algum problema?
A área anal é um ponto erógeno natural. O que normalmente impede as pessoas de aproveitarem tais estímulos são mesmo as barreiras sociais, e isso se mostra principalmente no universo masculino. “Não, ele não tem problema algum, as pessoas gostam de carinho anal, devido ser uma zona bem irrigada por vasos sanguíneos, o que aumenta o prazer”, argumenta Maria Lúcia.
Sexo no relacionamento
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20. Pode fazer sexo durante a menstruação?
Claro! Para muitas mulheres este é até um período de maior excitação. E o fluido liberado pela menstruação não faz mal maior do que sujar o lençol.
21. Falta de sexo no relacionamento é normal?
“Cada casal tem um perfil e uma forma de perceber a sexualidade em sua vida. A frequência não é determinada nem tampouco uma regra, deve ser um consenso entre os dois. Sexo não deve ser entendido apenas como o ‘coito’, mas associado a carícias, atenção, proximidade, contato, dentre outras demonstrações de desejo. Quando nenhuma dessas práticas que derivam da sexualidade do casal ocorrem, é sinal de que o distanciamento e esfriamento da relação pode existir, e o relacionamento então, merece ser revisto”, analisa a psicóloga Pamela Magalhães.
22. Depilação é tão importante assim?
Quem responde são eles:
”É importante sim, mas não essencial. Quando há rotina na relação não acho tão importante, mas quando a relação está no início ou é fugaz, acho relevante”. Ícaro, 36 anos, professor.
“Se tem um milhão de pelos ou nenhum, não é isso que está em questão quando estou com alguém”. Roberto, 33 anos, jornalista.
“Acho que é uma questão cultural. Não deixaria de ficar com alguém que não se depila, mas é cultural a mulher brasileira se depilar. Acaba que por eu ter sido criado assim, acho mais bonito mulher depilada em geral”. João, 26 anos, promoter.
“Eu não vou deixar de ficar, mas é interessante ver que está tudo bem desbastado, bem cuidado”. Pedro, 33 anos, técnico de informática.
23. Como introduzir brinquedos eróticos na relação sexual?
A psicóloga Lelah Monteiro sugere: “Sempre digo que antes de levá-los para sua relação, comece sozinha. Descubra como funcionam, de que forma gosta, quebre alguns tabus internos e pronto. A partir daí seja sutil, mostre que é mais uma forma de chegarem ao prazer juntos e não um substituto ou concorrente para a intimidade de vocês”.
DSTs e AIDS
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24. Sexo oral pode passar doenças?
Sim, igual ao sexo vaginal. A indicação é que sempre seja feito com preservativo, e evitado quando há lesões na boca ou nos genitais.
25. Quais são as doenças sexuais transmissíveis mais comuns hoje?
A ginecologista Bárbara Murayama enumera:
HPV,
herpes,
tricomoníase, HIV, gonorreia, sífilis, infecção por clamídia, entre outras.
26. Como posso saber se meu parceiro tem alguma DST?
”Algumas
DSTs não têm sintomas visíveis e só será possível saber a partir da realização de exames de rotina. Algumas podem se apresentar com verrugas, no caso do HPV e feridas, como no herpes e sífilis, por exemplo. Outros sinais são corrimentos mal cheirosos na mulher ou pelo pênis”.
27. Como dizer que ele pode ter algum problema ou doença sexualmente transmissível?
Uma situação como essa nunca será fácil de resolver. Se o relacionamento é longo e estável provavelmente tem mais intimidade e então fica mais simples falar abertamente com o parceiro sobre doenças e tratamentos. Mas se a relação é recente e não tem tanta intimidade, uma conversa como essa pode causar desconforto e timidez. A melhor maneira é a sinceridade, sempre acompanhada de muito jogo de cintura. Seja calma e deixe claro que a preocupação é apenas com a saúde dos dois e que essas coisas acontecem. Nada de reclamar com o moço ou de fazer piadinhas sobre o assunto. O principal é que vocês dois se mantenham saudáveis e seguros.
28. Se eu já tive HPV adianta me vacinar agora?
”Considera-se curada desta infecção quem faz controle e está sem lesões do HPV por dois anos. Depois desse prazo muitos ginecologistas já têm recomendado que a vacina seja aplicada para evitar novas infecções”, explica a Dra. Bárbara.
Fetiches
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29. Fetiches sadomasoquistas são incomuns ou errados?
De acordo com a psicóloga Maria Lúcia Bueno de Miranda, isso vai depender do grau do sadomasoquista e da frequência: “Esses fetiches são mais comuns do que imaginamos, mas tudo tem um limite. Se o prazer está ligado somente à dor, aí sim vemos um problema. Porém, se é de comum acordo entre o casal e a prática oferece prazer a ambos, vale tudo”.
30. Por que muitas vezes a dor ou a violência estão ligadas ao prazer sexual?
Fetiches normalmente estão relacionados a práticas proibidas ou experiências fora do lugar comum, e o proibido costuma ser mais excitante, mexendo com os níveis de adrenalina. Pesquisas indicam que algumas atividades sadomasoquistas alteram a liberação de certos hormônios ligados ao prazer, como o cortisol e a dopamina.